junho 26, 2014

Smartphone, impaciências e a Geração Facebook

É tanta coisa pra fala, pra reclamar que nunca se sabe o começo de toda essa história. Eu vivo aqui dizendo que devo melhorar em mim coisas que eu nem sei se consigo, mas eu tenho plena consciência que elas estão erradas. Eu já fui uma pessoa melhor, tanto psicologicamente quanto socialmente. Como eu falei, já são muitas coisas a se melhorar e eu realmente não sei por onde começar, dessa maneira, acho que devo começar pelas mudanças que devem ocorrer em mim e eu adio desde o ano passado.

Bom, eu tentei procurar aqui uma charge mas eu realmente não to conseguindo então (por enquanto) eu desisto, se daqui pro final desse texto eu me distrair de novo e resolver procurar talvez eu ache. A charge se referia a um cachorro na coleira e um humano com o celular na tomada, e assim, não preciso explicar pra vocês o que isso deve significar mas vocês entendem que eu me tornei esse "cachorro" escravo do iPhone.

(Atualizando: achei a foto)


Eu sempre repudiei algumas atitudes alheias a minha pessoa quanto ao uso do celular, tais como conversar com outras pessoas e ficar o tempo todo com o celular na mão no WhatsApp. Até hoje eu não acho que isso seja muito certo, acho que as pessoas acabam perdendo alguma ou boa parte do que está acontecendo na mesa ou no ambiente ao seu redor, mas ainda sim, posso me dizer que me tornei uma hipócrita quando me refiro a esse assunto.

Hoje em dia as pessoas tão se importando demais em mostrar aos outros o que estão fazendo ou o que estão comendo e esquecendo de viver pra si e começando a viver para os outros. Não posso ser hipócrita ao ponto de dizer que nunca fiz isso, porque seria uma puta mentira. Admito que baixei o Foursquare realmente com esse intuito, mas depois desencanei dessa história e comecei a realmente me viciar nessa merda. E esse é o meu mal, ou o mal que todo mundo acaba enfrentando: achar que consegue lidar com algumas coisas "leves" e acaba se entregando ao vicio. Calma que eu AINDA não to falando de drogas. HAHAHA.

Nesse mundo que corre, as pessoas esquecem de viver intensamente como há alguns anos atrás e é por isso que elas se afundam em mentiras ou tentam fantasiar ou mostrar a todos uma verdade que não lhes pertence. Tem um vídeo bem foda que eu vi essa semana que resume bem o assunto:


E nesses tempos eu penso o quanto da vida eu to perdendo por causa desses malditos smartphones, redes sociais e o caralho a quatro. Eu jamais serei contra essas coisas, por razões óbvias, mas uma hora tua vida satura dessas coisas, entende? Você não consegue fazer quase nada direito, se distrai de maneira absurdamente rápida (durante esse texto eu já devo ter me perdido pelo menos 5 vezes entre olha o Facebook, o Twitter e o WhatsApp). A gente se distrai em busca do imediatismo, das novidades que a gente não pode perder, dos amigos que a gente não pode deixar de conversar ou da vida nova do vizinho solteiro.

E busca incessante pelo imediato nos faz impaciente pela velocidade das coisas, impaciente por notícias, impaciente pelas respostas que esperamos e assim corre essa sociedade em que "todos sabemos que você está sempre online e se você não responder rápido é porque você não se importa". Eu confesso abertamente que sou extremamente impaciente com esse tipo de atitude, a pessoa vem falar comigo, eu respondo na hora e ela, mesmo tendo falado comigo pouco tempo antes, não volta a me responder na mesma velocidade, e cara... isso é muito errado.

Minhas impaciências hoje, ou desde o ano passado quando ganhei meu primeiro smartphone, não me permitem mais escrever o tanto que escrevi aqui (e hoje se fez milagre), minhas grandes histórias se resumem a 140 caracteres ou histórias de pouco mais de 10 linhas no Word, histórias bem pensadas e sempre inacabadas ou distraídas por redes sociais, livros interminados  (três, incluindo um autor que amo e que as histórias me instigam bastante: Dan Brown).

Sinto falta do meu Eu de dois anos atrás, ou mais, quando eu levava meus hobbys a sério, quando eu sempre tinha uma boa ideia na cabeça e mesmo que sempre difícil, eu conseguia botar no papel, quando eu lia mais (acho que é dessa parte que eu mais sinto falta), quando eu saía mais com meus amigos e não ficava olhando o celular esperando respostas ou me distraindo com outras coisas no celular mesmo esperando essas respostas.

Não estou aqui julgando a atitude de ninguém, de maneira nenhuma, apenas julgo a MINHA atitude e minha vontade de mudança e minha PREGUIÇA de mudar. Mas é tanta coisa, como falei no começo, que eu to engasgada que eu acabo meio perdida e inacabada, por assim dizer. Eu to cansada de empurrar tudo com barriga e dizer que vai melhorar e não conseguir levantar essa bunda mole da cadeira (ou da cama, pq também faz tempo que não sento numa cadeira pra mexer no computador que não seja no trabalho) pra mudar alguma coisa.

Hoje estive refletindo com meus amigos em como a "Geração Facebok" é diferente da nossa. Desde crianças de 2 anos que mexem num celular melhor que eu à um adolescente que expõe suas intimidades para ter status pra os amigos. Novamente, aquele vídeo reflete bem o que é a sociedade hoje, não só a "Geração Facebook", mas também a minha geração jovem. Essa geração que acha que status é tudo nessa vida e que comer todo mundo é massa, vida-loucar é massa...

Não é papo de careta, até porque eu não tenho nem idade pra caretar nem nada, mas a minha vida 4ever 16 acabou, cara, acabou de maneira cruel e violenta, digamos assim. Não quero entrar em detalhes sobre o assunto, mas a vida não é vida-louquice pra sempre não, uma hora tu leva um soco na cara da vida e tu se orienta e para de fazer bosta, de arriscar a vida por merda e começa a pensar nas tuas atitudes em relação a tudo e inclusive aos conselhos que tua mãe te dava quando tu era mais nova, e que tu não ligava por achar que nunca ia acontecer contigo. Adolescente acha que é o super-heroi mesmo, HAHAHAHA, que bosta. Uma hora to acorda pra Jesus e começa mesmo a procurar coisas que te acrescentam, pessoas que somam e não pessoas passageiras, que você só quer se divertir e te deixar levar pra um lugar que você daqui a alguns anos não vai querer estar (É claro que se divertir e curtir uma noite não faz mal a ninguém, né gente, pelo amor de deus. Novamente, eu não to julgando quem faz isso, eu não to dizendo que não faço, mas maneirar é a palavra do momento).

Eu fico pensando que, há dois/três anos atrás (sem querer ser mais saudosista do que já estou sendo) a gente fugia de relacionamentos mal pensados, ou de uma noite só. Era massa você ser amiga de um cara, ficar com ele vários meses antes de vocês decidirem namorar, ou nem isso. Era massa ter alguém que além de satisfazer suas necessidades (sexuais ou não) era seu amigo, você podia confiar. Hoje a nossa vida "amorosa" se resume a uma coisa: Tinder. Vocês tão tendo noção de como a vida tá ficando chata? Tu ta impaciente, não consegue mais esperar um amigo ficar mais que amigo dai tu tem que recorrer a um aplicativo pra "matar" suas necessidades? (Novamente, não julgando quem faz, não vou ficar repetindo essa ideia porque eu acho que vocês sacaram)

A gente imediatizou demais as coisas e isso tudo tá bem chato. Vamos aproveitar mais as Good Vibes que a vida tem a oferecer à gente sem smartphones mesmo, vamos curtir mais as festas, os bares, OS LIVROS, as paqueras, as boas e velhas conversas ao telefone, os amigos, a família, as músicas, todas essas coisas que a gente deixa passar na tela do celular, na tela do WhatsApp. Deixa essa porra pra lá, vai ver um filme, ver o sol nascer de novo, conversar com os amigos na praia e perder a noção do tempo. Vamos tentar pelo menos nos desconectar da vida dos outros um pouco e viver mais a nossa vida. A vida é agora, porra. Pensa só um pouco nas coisas que tu perde de aproveitar porque tu está no celular querendo saber das coisas. Pensa naquele boyzinho que tava conversando contigo e tu não desse muita bola.

Vou começar a pensar um pouco mais em mim e deixar um pouco os outros pra lá e eu espero muito, de verdade, conseguir (E olha, escrever e, principalmente, TERMINAR esse texto foi um grande passo pra começar a viver dessa maneira mais leve).

junho 19, 2014

É sobre pertencer

Se tem uma coisa que eu não sou é minha. Sou do mundo, sou tua, sou dela e dele mas não sou minha. As vezes me pergunto onde eu pertenço, se sou mesmo daqui ou se sou de marte: eu não sou daqui. Tenho sempre aquele eterno desejo de mudar de sair dessa inércia que me domina, largar as garras dessa vida e viver outras vidas e outras histórias. Wanderlust. Eu não sou minha, sou de outros, de todos. De outros bairros, outras casas, outras vidas. Sou dele desde sempre. Tenho que voltar pra onde eu pertenço, tenho que achar onde eu pertenço, nem que leve décadas e mais décadas até eu achar, eu vou encontrar. Encontrar um lar, um lugar onde eu me sinta em casa novamente, um lugar que me lembre você.

julho 02, 2013

Intenso

Por que tão inquieta e inconstante? Momentos que vem e vão de súbito e acabam tão rápido. Prender-me em uma coisa e me manter: difícil. Inconstantes pensamentos vêm e vão num piscar de olhos. Minha sede por mudança é algo insaciável. Vivo tão intensamente o momento que acabo deixando de lado tantas outras de tamanha importância. Viver um momento de cada vez, não querer engolir o mundo de uma vez ou abraçar todo ele com minhas pernas, pra não se esquecer de viver realmente.

junho 28, 2013

Amor e ciclos repetitivos.


Muito vivi esses 3 anos e percebo: minha vida se tornou um ciclo. Na verdade, acho que não só a minha, não só a vida, mas tudo que se passa ao nosso redor. A história, por exemplo, é formada por vários ciclos repetitivos e pouco mudam com o passar dos anos. Elementos de formação essencial sempre vão estar ali de suma importância na história. Um desencadear de manifestos por exemplo.

Não vim falar de história, infelizmente, vim falar de amor. Relendo todos os textos que fiz até hoje – não foram poucos, confesso, porém deveriam ser mais – percebo uma padronização na minha forma de amar, e talvez seja isso, talvez seja hora de mudar. Talvez minha inconstância em relação a vários assuntos, minha falta de amadurecimento e meu problema com o “não” me afetem de certa maneira. E me afetam, na verdade.
“Nós aceitamos o amor que achamos que merecemos”

Posso dizer que essa frase foi feita pra mim. Talvez seja meu problema com o “não” que me impulsiona a amar pessoas a me apaixonar por pessoas dessa maneira imbecil que amo ou me apaixono. Confesso que já namorei por não saber dizer “não”, já beijei por não saber dizer “não”, já arrumei desculpas para adiar coisas que pra mim não faziam o menor sentido, que eu realmente não queria por não saber dizer “não”.

Cansei, é vez de dizer NÃO. Cansei de escrever mesmices, de falar mesmices, de sentir mesmices. NÃO. Esse ciclo tem que acabar. Eu preciso mudar, não quero um amor novo nem nada, eu só quero parar. Quero agir sem medo de machucar ninguém, afinal as pessoas não pensam em machucar e machucam mesmo assim, né? Quebrar a cara faz parte da vida, afinal de contas.

Preciso de sensações novas, de pessoas novas, de rotinas novas. Me prometi: ano novo, coisas novas. Como me prometi coisas novas e não prometi atitudes novas? Qual o meu problema? 19 anos e nenhuma atitude nova, minha idade mental parece que parou nos 16. Exatamente, 3 anos.
Há 3 anos atrás minha vida era outra, como posso querer coisas que aconteciam a 3 anos atrás se tudo mudou? Os anos foram passando, pessoas foram entrando e saindo de minha vida. Umas pelo próprio tempo, outras por que quis me afastar, outras por motivos ainda mais trágicos. Minha vida hoje (Junho de 2013) é outra.

Há 3 anos vivia e convivia com pessoas que hoje nem falo mais, e outras que falo tão pouco. O ócio criativo naquela época nem era tão grande como agora, mas confesso que conversava mais, CRIAVA mais. Convivia com pessoas que estimulavam minhas histórias – de amor ou não –, me estimulavam a viver de uma maneira feliz, artisticamente falando.

Sim, agora não é mais sobre amor, é sobre meu ciclo de vida se repetindo. Mas como o amor está incluído nisso, por favor, desconsidere a mensagem anterior. Quando abri essa página para começar a escrever pensei: “Hoje vou escrever sobre amor, vou escrever sobre o quanto eu estou sofrendo por algo que eu não sei o que é”, mas decidi abrir o blog. Coisas da vida. Eu abri por um motivo bem alheio a um texto de amor e acabou saindo tudo isso.

Abri o blog e vi 3, 4 textos sobre a mesma coisa: Eu quebrando a cara por “um amor que eu acho que merecia”. E se for pra merecer tão pouco, melhor me privar. Não posso dizer que não fui amada, porque fui. Mas posso dizer que achei que merecia AQUELE amor, mas aquilo não era o que eu queria, mas no fim das contas acabei me entregando ao “amor que merecia” e acabei amando realmente.

Não posso dizer que nunca amei e fui correspondida, mas fui correspondida por aquele “amor que achei que merecia”. Não posso cobrar amor das pessoas, afinal. Cada um ama do jeito que ama...

junho 27, 2013

Sobre uma possível vida.

Abriu os olhos e não sabia onde estava. Não era comum de acontecer, mas certamente sabia que não era a primeira vez. Não via nada mais que relva seca e alta ao seu redor, o sol meio baixo e a certeza de que não havia chegado ali por vontade própria. Ficou um tempo encarando o céu sem nuvens no chão e ouvindo o farfalhar do vento nas pequenas flores ali ao seu redor.  Paz. Era só isso que sentia, e só isso fazia se sentir especial.
Pensou em seu pai, sua mãe. Decidiu se levantar e sentir as folhas em suas mãos. O perfume que exalava aquele ambiente era algo que jamais havia sentido. Se paciência tivesse um cheiro, definitivamente seria aquele. Levantou-se e ia observando todo aquele verde que ia se esvaindo em tons de amarelo, dourado, cobre... Ia se esquecendo, aos poucos, do porque fazia aquilo.
Ia andando lentamente, apreciando a paisagem, olhando os pássaros que cruzaram o céu vez ou outra. Esquecendo-se do porque andava e observava. Sentia o vento bater em seu rosto e começava a se questionar sobre a vida, a se questionar porque estava ali. Perguntas iam e vinham em sua cabeça e nenhuma dessas perguntas havia resposta.
Começou a esquecer das palavras, frases inteiras. Ia cada vez mais lentamente por aquele campo – parecia que não ia acabar nunca. Acabar? Tudo tem um fim? Parou. Olhou ao seu redor, já não se lembrava mais quem era, de onde viera, porque estava ali, o que era ali. Não sabia mais nada. Respirava mais lentamente. Decidiu deitar-se, deixar-se levar.

Deitou, olhou para o céu, ouviu o canto dos pássaros, o farfalhar das flores, sentiu o cheiro, sentiu a paz. Sua visão foi ficando escura, já não conseguia mais ver o azul do céu, os tons amarelos das plantas. Sua audição foi se perdendo e passou a ouvir o nada. Sua respiração ia cessando. Suas pálpebras iam pesando. Acabou. Tudo tem um fim. Parou. Fechou os olhos e não sabia onde estava.


outubro 09, 2012

Recife, 10 de outubro de 2012


Recife, 10 de outubro de 2012

Faz tempo que eu não escrevo, eu pretendia escrever pouco tempo depois do meu ataque, mas não consegui. Tive móveis pra comprar, livros pra ler, coisas para aprender. Na verdade nem aconteceu tanta coisa, só fiquei a maior parte do meu tempo deprimido. Cansei da solidão, acho que vou começar a sair da minha toca a noite. Não queria usar meu falso dom, mas se for necessário...

A vida nessa cidade é horrível, não se tem nada para fazer, tudo que eu posso fazer tenho que cruzar com pessoas, não deveria ter escolhido recife para viver, sei lá, poderia ser um interior desses onde não se tem uma alma semiviva, como eu. Durante o dia eu observo as pernas passando de lá para cá, à noite não observo nada, só espero os ratos para me fazer companhia. Breve companhia, mas fazem.

Não tenho muito que escrever hoje, mas decidi dar as caras, tava precisando desabafar. Pronto.

Etham Smith

setembro 20, 2012

Recife, 20 de Setembro de 2012


Recife, 20 de setembro de 2012

Eu não gosto de falar sobre os ingleses. Eles me humilharam por causa da minha condição.
Eu era muito boêmio, gostava de frequentar orgias, beber, fazer sexo violentamente. Era muito sangue, muitas mulheres mortas e muitos homens nus. Como não havia prudência por parte de nossos amigos, não nos preocupávamos com nada disso, gostávamos mesmo era de uma boa festa regada a muito sangue e muito absinto. Vivíamos na escuridão, contratávamos prostitutas e nossas festas nunca foram de chamar muita atenção. Mas uma vez aconteceu de contratarmos uma mulher da corte inglesa. Na verdade não a contratamos, até porque ela não era prostituta, mas eu consegui seduzi-la, e foi ai que o problema começou.

“ você não pode me seduzir e de deixar ao relento, Etham, eu te amo. (...) vou dizer ao meu pai que você mancha as ruas dessa cidade com sua perversidade e suas orgias. – o pai dela era um duque da corte inglesa – se eu não posso ter você comigo, você vai viver na amargura, sua vida se tornará um inferno, não é assim que você gosta de viver? No inferno?(...)”

Nunca esqueci as palavras dessa vagabunda, isso ferve meu interior. Eu fiquei tão impetuoso que acabei destruindo minha sala aqui no porão, decidi que não iria mais escrever, rasguei as paginas do meu caderno e queimei todas suas folhas. Fiquei realmente furioso.

Mas sim, o que aconteceu foi: o duque veio infernizar a minha vida, literalmente. Fui acusado de homicídio, de vadiagem, obstrução a lei, desordem, desacato. Fui preso, me mandaram pra forca, fiquei lá durante horas. Não morro, né? Tive que fugir do país, escapar daquela escória. Fui até minha antiga casa ver se conseguia salvar alguns de meus pertences, mas assim que cheguei, fui perseguido novamente, botaram fogo em minhas coisas, e quiseram me queimar na santa inquisição, alegando que eu era um bruxo. Eu não sou bruxo, sou vampiro, as pessoas tem que entender essa diferença, e a propósito, eu não escolhi ser quem eu sou.

Depois desses fatos, viajei o mundo procurando algum lugar para me reestabelecer, continuar minha vida boemia, mas o duque colou cartazes a minha procura em toda a Europa, eu estava perdido. Passei 300 anos da minha lastimosa vida vivendo em vilarejos onde não havia candelabros, onde não havia pessoas. Cheguei a viver em cavernas com meus “parentes mais primitivos”. Me alimentei de ratos, morcegos, gatos  – não que tenha mudado muita coisa, por sinal – minha vida tinha realmente se tornado um inferno.

Depois desses 300 anos, consegui me atracar num navio que estava vindo para o Brasil, e por aqui fiquei por esses lados mesmo. Aqui era uma vida mais tranquila, tinham uns primitivos engraçados, umas mulheres com peitos de fora, e uns doidos com o pau pendurado, eles me pareciam felizes aquela época. Acho que eles eram enganados, vi uns portugueses trocando joias, espelhos por árvores, não é possível que eles não percebessem. Não acredito que eles fossem muito inteligentes, mas a espécie brasileira me surpreendeu muito, mudou demais desse tempo pra cá.

Vivi uns 250 anos aqui no Brasil, fui viver no Canadá, de onde sempre sinto saudades. Adotei como minha cidade natal. Minha estadia no Canadá foi maravilhosa, boa parte pelo menos, mas como todo mau vampiro, eu tive que estragar tudo e foder com toda a minha existência mais uma vez. Me acostumei com a minha paz nas vizinhanças de Alberta e resolvi trazer algumas mulheres e homens para algumas orgias. E como foi na Inglaterra, não deu certo. Mesmo os canadenses sendo receptivos, não foi legal ver cenas de sexo explicito sobre um banho de sangue. Pelo menos não me condenaram, só me expulsaram do Canadá. 
Mas um dia ainda volto lá.

Podia ficar escrevendo o dia todo, mas tenho que arrumar a bagunça que deixei de dias atrás, e ver como vou recuperar minha mobília. Estou até relaxando mais escrevendo esse diário, tinha que descarregar em mais algum lugar que não fosse nos móveis, nem tenho mais. Talvez volte a escrever quando terminar essa bagunça, ou quando arrumar coisas novas.

Etham Smith